sexta-feira, 4 de maio de 2007

Familiaridade com a bola

Seria errado sugerir que a primeira tentativa de uma criança para pontapear uma bola exerce profunda influência no seu futuro no futebol, o que não significa que as primeiras experiências de uma criança neste jogo sejam insignificantes. A partir dos quatro anos, as crianças podem começar a aprender a correr correctamente, a posicionar o seu corpo para ir ao encontro de uma bola em movimento, como reagir a uma bola que salta ou rola e, mais importante, podem desenvolver uma opinião acerca do jogo.
Serão os pais, Professores e Treinadores que irão determinar se essa opinião será positiva ou negativa.

A paciência é uma qualidade essencial que qualquer treinador desportivo deve possuir, mas isto assume particular importância para os treinadores que trabalham com jogadores de futebol jovem. Contrariamente ao que alguns tradicionalistas possam pensar, pontapear uma bola não é a primeira coisa que se deve tentar ensinar a alguém que aspire a ser um jogador…As crianças devem primeiro adquirir familiaridade com a bola, ao mesmo tempo que desenvolvem os seus movimentos e a sua coordenação. Uma vez que a criança tenha dominado estas capacidades, poderá então, começar a aprender a arte de pontapear uma bola correctamente.

É importante que a habilidade com a bola seja desenvolvida desde tenra idade, mas isto não significa que as crianças se devam esforçar para aperfeiçoar uma “mudança de direcção à Cruyff” com a idade de quatro anos. Jogos simples, tais como atirar e agarrar uma bola leve, ajudam a ensinar às crianças o modo como uma bola reage de acordo com vários factores, e fornecerão valiosas bases para um desenvolvimento futuro.

3 comentários:

Melicias disse...

Boas. Antes demais parabens pelo blog... A mensagem que queria aqui deixar em relaçao ao tema da Familiaridade com a bola é o seguinte: em minha opinião a criança dos 4 aos 8/9anos deve ter uma variedade de vivências com a bola, não só no remate, não só no drible, não só na recepção,etc. Mas sim todo o tipo de vivências desde saber mandar a bola ao ar e agarrar, conseguir mandar a bola ao ar e na trajectória aerea da bola conseguir dar uma volta de 360º,etc...ou seja, nao devemos especificar os exercícios só para o futebol, mas sim dar aos jovens um aumento da sua experiência motora só assim poderemos ter bons atletas no futuro. Uma das principais funções desta variedade de experiências motoras é o evitar a especialização precoce, ou seja, se nos limitar mos a criar nos nossos jovens atletas comportamentos pré definidos para uma dada modalidade um dia mais tarde quando for necessário adaptar se a exigências maiores eles não vão conseguir ter esse poder de adaptação porque no programa motor deles apenas estão movimentos pre definidos e que já não sao possiveis de evoluir...mas se lhes der mos na formação uma enorme variedade de acçoes motoras um dia mais tarde eles vão conseguir fazer a transferência para o futebol ou outra modalidade. Um exemplo rídiculo mas que dá para perceber bem, é o do treinador que ensina o jovem jogador a fazer ballet!!!porquê??talvez seja rídiculo, mas na minha opinião não, visto que um dia mais tarde quando as marcações forem mais apertadas e a necessidade de rotações por parte dos avançados for mais requerida, este jovem vai conseguir fazer a transferência de um movimento motor adquirido no ballet e vai adapta lo as necessidades do futebol.

Cumprimentos:
José Melícias

P.S.: não sei se me fiz entender mas se procurarem informações sobre programa motor genérico talvez fiquem mais esclarecidos.

PSousa disse...

Claramente,existe um assimilar de ideias comuns entre os varios deportos que são importantes, e no fundo todo o congregar dessas especificidades numa criança, só lhe trará benefícios, mas nunca fugindo do essencial, o seu relacionamento com e sem bola, pois é isso que ensinamos, para além da sua formação e educação como homens, sabendo nós que só talvez 1/2% vingam na profissionalização.

Abraço

André Luiz disse...

Quero também aqui expressar minhas congratulações pelo espaço e pelo propósito em se discutir assuntos relevantes ao futebol, gostaria de expor meu modo de pensar, chamando atenção para o tema abordado "familiaridade com a bola", percebo uma enorme preocupação com a importância da etapa evolutiva da criança em relação ao tipo de treinamento a ser aplicado, quando na verdade devemos primeiramente entender a criança como exatamente aquilo que é, ou seja uma criança, e que tem como principal objetivo "o brincar", é preciso que antes de nos preocuparmos com dribles, chutes,passes etc, que tenhamos a atenção para o prazer na prática da modalidade esportiva que no caso é o futebol, muitas escolas e clubes que trabalham as equipes de formação infelizmente copiam os "modelos" de treinamento do profissional, queimando assim etapas importantes na formação do acervo motor e do histórico de soluções aos problemas circunstanciais de uma partida de futebol, ao brincar de jogar ou melhor ao ensinarmos uma criança a "jogar futebol brincando de jogar futebol", estaremos não apenas favorecendo todas estas coisas, como também estaremos transformando um iniciante em um apaixonado pelo esporte, é preciso antes de tudo que tenhamos na consciência qual o nosso objetivo ao trabalhar com crianças e adolescentes, será o de formar um adulto frustrado e autômato ou uma pessoa capaz de tomar decisões e completamente autônomo em suas decisões e atitudes, haja visto que daqueles que iniciam no esporte, poucos chegarão a ser profissional e menos ainda atingirão níveis altíssimos como profissionais.
coloco-me a disposição, para troca de idéias sobre metodologia de treinamento, segue abaixo meu e-mail.
andreluizsp10@yahoo.com.br

Grande abraço a todos,
e muito obrigado.
Profº- Especialista André Luiz de Oliveira
Treinador de Futebol